IMPLICAÇÕES SÓCIO-CULTURAIS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

O QUE É ADOLESCÊNCIA

Segundo Becker (1994), ainda não há estudos comprovados que expliquem satisfatória e completamente a adolescência, mas sabe-se que ocorrem diversas transformações na puberdade. A puberdade é um período da vida do indivíduo que o torna apto para a procriação, ou seja, quando adquire capacidade física de exercer a função sexual. Essas transformações desencadeiam no corpo do adolescente o desenvolvimento de pêlos pubianos, o aumento no crescimento corpóreo e, nos indivíduos do sexo feminino, o desenvolvimento dos seios e a menarca.


Estudos mostram que o início da puberdade é influenciado pelo hipotálamo, região do cérebro com inúmeras conexões com o córtex (camada cinzenta) e o sistema límbico (fatores externos, estímulos ambientais, pensamento e a emoção), quando o hipotálamo inicia a fabricação de substâncias que chegam à hipófise (glândula que controla as funções de outras glândulas no organismo).

Nos indivíduos do sexo masculino, são enviados hormônios estimulantes para os testículos que produzem os espermatozóides, e no sexo feminino são produzidos hormônios que estimulam os ovários, iniciando a produção e liberação de óvulos (BECKER, 1994).

Para Gurgel (2008), adolescência deriva do latim adolescere, que significa “crescer”. Adolescência é o período da vida humana entre a puberdade e a virilidade; mocidade; juventude e define a adolescência como uma etapa que vai dos 10 aos 19 anos.

Segundo Koller (2002), é uma transição entre a fase de criança e a adulta, sendo um período de transformação profunda no corpo, na mente e na forma de relacionamento social do indivíduo; uma etapa da vida em que ocorrem a maturação sexual, os conflitos familiares e a formação e cristalização de atitudes, valores e comportamentos que determinarão sua vida e na qual se inicia a cobrança de maiores responsabilidades e definição do campo profissional.

Podemos considerar o adolescente como a lagarta: o corpo infantil desaparece e dá lugar a um novo corpo, com outra imagem, investido de uma competência erótica capaz de experimentar e mobilizar o desejo. Este novo corpo está dotado de um novo poder: o poder da reprodução. Como que nascendo novamente, o adolescente experimenta a dor e a alegria do parto. Essa experiência contraditória de quem vive o luto e celebra a vida tem repercussões profundas nas redes intrincadas desse sujeito adolescente. Não lhe basta abandonar o corpo infantil, é preciso deixar para trás a condição de criança. É preciso aprofundar a construção do sujeito autônomo, independente, capaz de discernir e fazer escolhas fundamentais no encaminhamento de seu projeto de vida. Isso implica o esforço em deixar de ser lagarta com o horizonte restrito à lentidão de suas patas e se tornar borboleta, como quem vê o mundo de cima, com autonomia de vôo e com seu horizonte alargado pela possibilidade de suas asas. Ao tecer os fios dessa nova identidade sobre o tecido aberto da identidade infantil o adolescente experimenta um momento privilegiado de problematização da sua existência (KOLLER-2002).


A SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA

Em algumas culturas, a adolescência é descrita como uma transformação discriminatória, em outras como totalmente normal. Entre os índios do norte da Califórnia, as moças em ciclo menstrual eram consideradas perigosas, pois tinham a imagem de secar fontes e espantar a caça. Já nos índios apaches, a menstruação era considerada uma dádiva sobrenatural e o sacerdote ajoelhava-se diante da jovem para pedir sua benção. Nos ocidentais, a menstruação está envolta em diversos tabus e crenças das mais variadas ordens, como secar ou azedar o leite de uma mulher que amamenta, e ter relações sexuais nestas condições pode provocar que o homem fique impotente, até mesmo que se o sangue não saia e isso pode enlouquecer a jovem. Devido a todos esses fatores, as mulheres chegam à sua primeira menstruação sem saber que ela existe e como proceder (Becker,1994).

Nos homens, começam a existir as ejaculações noturnas, ereções em lugares e momentos inesperados e impróprios para a sociedade. Para os ambos os sexos, esses são momentos de afirmação da maturidade sexual, e a discriminação entre os que não são totalmente desenvolvidos causam os sentimentos de inferioridade e fracasso. No psiquismo do adolescente, as transformações correspondem a uma série de sentimentos estranhos; ele pode sentir prazer, como pode sentir medo, ansiedade e até culpa, quando olha ou toca alguém (Becker,1994).

Na teoria psicanalítica do desenvolvimento da criança e do adolescente, os estágios de desenvolvimento psicológico são determinados geneticamente, são intrínsecos ao indivíduo e relativamente independentes das influências do meio sócio-cultural, sendo válidas para qualquer cultura. O principal desenvolvimento seria a sexualidade, que tem como finalidade o prazer, por um lado, e a procriação, do outro, buscando incluir toda a necessidade do organismo (Becker,1994).

A criança passa por várias sensações agradáveis, como a fase oral (sucção, satisfação da fome), fase anal (controle do esfíncter anal) e a fase fálica (manipulação de seus órgãos genitais), e neste período os contatos com seu genitor do sexo oposto são mais complexos. É neste momento que a criança percebe a relação a três. O menino, sentindo um amor intenso pela mãe, mas se identificando e ao mesmo tempo sentindo ódio do pai; e a menina com relação semelhante, mas com o complexo de castração e a “inveja do pênis”. Toda essa situação entre pais e filhos é chamada de complexo edipiano.

Freud baseou-se na tragédia de Sófocles (496-406 a.C.) Édipo Rei, para formular o conceito do Complexo de Édipo, a preferência velada do filho pela mãe, acompanhada de uma aversão clara pelo pai (mitologia grega). Édipo matou seu pai Laio e desposou (se comprometeu em matrimônio) a própria mãe, Jocasta. Após descobrir que Jocasta era sua mãe, Édipo fura os próprios olhos e Jocasta comete suicídio.

Sófocles utilizou este mito para suscitar uma reflexão sobre a questão da culpa e da responsabilidade perante as normas, éticas e tabus estabelecidos por sua sociedade (comportamentos que, dentro dos costumes de uma comunidade, são considerados nocivos e lesivos à normalidade, sendo por isto vistos como perigosos e proibidos a seus membros).

O complexo de Édipo é uma referência à ameaça de castração ocasionada pela destruição da organização genital fálica da criança, radicada na psicodinâmica libidinal, que tem como plano de fundo as experiências libidinais que se iniciam na retirada do seio materno. Importante notar que a libido é uma energia sexual que não se constitui apenas na prática sexual, mas também nos investimentos que o indivíduo faz para obtenção do prazer.

O complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido por esta como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos. O complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade. Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai, mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil resume-se a estas figuras parentais ou aos representantes delas. Uma vez que o ser humano não pode ser concebido sem um pai ou uma mãe (ainda que nunca venha a conhecer uma destas partes ou as duas), a relação que existe nesta tríade é, segundo a psicanálise, a essência do conflito do ser humano.

A idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe por sua condição frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa, à figura materna. Em torno dos três anos, a criança começa a entrar em contato com algumas situações em que sofre interdições, facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança não pode mais fazer certas coisas porque já está maior, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar nu pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e controlar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de proteção e amor total.

O complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos. A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele.
Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora.
Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais. Nesta fase, a repressão ao ódio e à vontade de permanecer em “berço esplêndido” é muito forte e o sujeito desenvolve mecanismos mais racionais para sua inserção cultural.

Com o aparecimento do complexo de Édipo, a criança sai do reinado dos impulsos e dos instintos e passa para um plano mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de super proteção para a cultura se psicotiza.

Entre os seis e dez anos, a sexualidade é reprimida e deslocada para atividades e aprendizados intelectuais e sociais, e esse período é chamado de período de latência.

a adolescência, o organismo sofre transformações biológicas e aparecem impulsos sexuais e agressivos. Nesta fase aparece o conflito edipiano, só que o desejo incestuoso torna-se perigoso, devido ao surgimento da sexualidade genital. Durante a fase da latência é quando se organiza o superego, que representa os princípios da moral e da censura (Becker,1994).


A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Concepção é um conceito de algo; o conceito de gravidez na adolescência como um evento conceptivo que acontece na faixa etária de 10 a 19 anos não vem explicitado nos artigos sobre o assunto, pois eles normalmente abordam os fatores determinantes e condicionantes da gravidez precoce, destacando causalidade, descuido, uso incorreto do método, promiscuidade e acesso à informação de forma inadequada.

A gravidez na adolescência decorre, principalmente, da não-utilização de método contraceptivo e, em menor porcentagem, da utilização inadequada desses métodos. É uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade do adolescente, pelas implicações advindas desse evento, como o aborto, a morbidade e a mortalidade materna (GURGEL, 2008).

Além disso, é uma situação de risco psicossocial que pode ser reconhecida como um problema para os jovens que iniciam uma família não intencionada. O problema afeta, especialmente, a biografia da juventude e sua possibilidade de elaborar um projeto de vida estável. É especialmente traumático quando ocorre nas classes socioeconomicamente desfavorecidas. Muitos são os desafios e mudanças próprias da adolescência, podendo os jovens incorrer num comportamento de risco, inclusive das doenças sexualmente transmissíveis - DST/AIDS, uso de drogas, acidentes e diferentes formas de violência. A vulnerabilidade dos adolescentes com relação à gravidez envolve vários aspectos, dentre os quais se destaca o fato de a mãe adolescente não estar preparada para cuidar do seu filho (GAZZINELI, 2005).

Quando ocorre na faixa etária de 10 a 14 anos, os transtornos são ainda maiores, pois acaba sendo interrompida pelo aborto, que é praticado, freqüentemente, em péssimas condições técnicas e de higiene, com risco de apresentar complicações e graves seqüelas, que podem levar a adolescente à morte (GURGEL, 2008).

O ideal seria compreender o adolescente como sujeito no seu ambiente físico, social, econômico ou político e suas relações com as redes de suporte social. O desenvolvimento de habilidades pessoais faz aumentar o poder de decisão e negociação do adolescente para não ceder às pressões, praticando o autocuidado, e as atitudes positivas para lidar com a sexualidade e prática de sexo seguro (GAZZINELI, 2005).

Aspectos sociais e culturais da gravidez na adolescência.

Os desafios enfrentados por pais e educadores são as questões relacionadas à vivência da sexualidade na infância e na adolescência. Existe nas famílias, nas escolas e na sociedade uma discussão sobre o que fazer com crianças e adolescentes que estão se defrontando com seus próprios desejos e sentimentos.

Existe um contexto sócio-cultural marcado pela exacerbação do erotismo, pela banalização das relações e pela coisificação do corpo e da pessoa; vivencia-se um momento de profunda crise ética na sociedade, tornando ainda mais difícil a vivência da saudável “crise normal” inerente ao processo de adolescer (AberAstury e Knobel, 1981).

A crise ética atinge com a mesma amplitude e intensidade crianças e adolescentes que passam grande parte do seu tempo nas salas de aulas, nos corredores e pátios dos nossos colégios. Educar e educar-se afetiva e sexualmente, construindo homens e mulheres livres e responsáveis neste contexto adverso é um desafio assustador e ao mesmo tempo estimulante. A resposta a este desafio exige a superação da dicotomia entre corpo e alma e o reencontro da pessoa como uma unidade inserida no contexto social. Implica reconhecer essa totalidade, incluindo o seu sexo e a forma com que expressa o fato de ser sexuada como algo que não se pode compartimentalizar. (AberAstury e Knobel, 1981)

As manifestações de sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são as respostas mais habituais dadas pelos profissionais da escola. De fato, toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. (AberAstury e Knobel, 1981)

“A perda que o adolescente deve aceitar ao realizar o luto pelo corpo é dupla: a de seu corpo de criança, quando os caracteres secundários põem-no ante a evidência de seu novo status, que lhe impõem o testemunho da definição sexual e do papel que terão de assumir...” (Aberastury, 1983, p.14)

O jovem não apenas necessita interiorizar valores éticos sócio-culturais, mas, também questioná-los, para aceitá-los ou rejeitá-los e, principalmente, para se mostrar capaz de questionamento e julgamento, provando ser um membro adulto da sociedade (Afonso, 2001).

As curiosidades das crianças a respeito da sexualidade são questões muito significativas para a subjetividade, na medida em que se relacionam com o conhecimento das origens de cada um e com o desejo de saber. A satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja impulsionado ao longo da vida, enquanto a não satisfação gera ansiedade e tensão. A oferta, por parte da escola, de um espaço em que as crianças possam esclarecer suas dúvidas e continuar formulando novas questões contribui para o alívio das ansiedades que muitas vezes interferem no aprendizado dos conteúdos escolares. (GURGEL, 2008).



Informações e práticas contraceptivas de adolescentes


Entre os métodos contraceptivos, observam-se os hormonais orais como os mais conhecidos e os mais utilizados por adolescentes, apesar de não proporcionarem proteção contra as DSTs. Isso leva a ser recomendado o uso de preservativo, até mesmo para aumentar a eficácia dos contraceptivos hormonais. O conhecimento dos adolescentes sobre o assunto é superficial, limitando-se somente à existência dos métodos, sem conhecer uso correto, indicações, contra-indicações, efeitos colaterais (ALMEIDA, 1987).


O período de gestação na adolescência


A idade da mãe na época do parto é um dos fatores imputados como sendo de grande importância para o baixo peso do recém nascido, sendo que os extremos da vida reprodutiva feminina (menos de 20 e mais de 35 anos de idade) são os que apresentam as maiores taxas de baixo peso ao nascer e maiores mortalidades neonatal e infantil. A maioria das mães adolescentes, das classes sociais menos favorecidas, tende a receber atenção médica deficiente durante a gravidez, pois geralmente tem menor acesso ao pré-natal e à internação particular, elaborando o parto nos hospitais públicos (BEMFAM, 1992).


Questões psicológicas durante a gravidez na adolescência

A gravidez na adolescência, vinculada ao processo de individualização juvenil (entendido como o modo de construção social do jovem), pode ser tomada como um fato social revelador de tensões inerentes à socialização adolescente, na qual se forja um delicado e tênue equilíbrio entre a aquisição gradativa da autonomia juvenil (sempre relativa) e a afirmação da heteronomia consoante à função educativa parental (ALMEIDA, 1987).

Nas últimas décadas, o percurso entre a infância e a idade adulta foi profundamente alterado nas sociedades ocidentais modernas. As mudanças no estatuto infantil, o redimensionamento da autoridade parental, as novas normas educativas, as transformações nas relações de gênero e entre gerações compõem novo cenário social e familiar. A extensão da escolarização e dificuldades de inserção e permanência no mercado de trabalho acentuam a dependência dos jovens em relação aos pais (ALMEIDA, 1987).

Certos autores designam esse adiamento das condições de emancipação juvenil como "prolongamento da juventude", tornando a estada no domicílio parental mais longa que outrora. No entanto, o alongamento da dependência familiar não se torna impeditiva ao exercício da autonomia nessa fase da vida, na qual a sexualidade tem grande relevância. Compreender as regras sociais que organizam o processo de construção da autonomia juvenil na atualidade pode engendrar novo olhar aos "problemas sociais" da juventude. Uma premissa fundamental é a distinção entre duas dimensões constitutivas do processo de individualização, comumente tomadas como equivalentes: a autonomia, compreendida como autodeterminação pessoal e a independência, concebida como auto-suficiência econômica (ALMEIDA, 1987).

Para as gerações jovens atuais, a conquista da independência se coloca cada vez mais tardia, o que não impede que a autonomia seja uma aspiração cada vez mais precoce. Nas gerações passadas, tal autonomia estava fortemente condicionada pela emancipação financeira e residencial dos pais. Hoje, os termos dependência e autonomia podem se conjugar no percurso biográfico adolescente.

Com a diversidade social das condições de existência juvenil, há um novo cenário cultural que permeia a transição à vida adulta: difusão de novas tecnologias de informação, hábitos de consumo, valores, violência urbana, desagregação dos laços sociais etc. Sobre a juventude, existem perspectivas diversas: educação, mercado de trabalho, violência e participação política, que ajudam a contextualizar essa fase de vida, na qual a sexualidade e a reprodução se inserem (ALMEIDA, 1987).

A gravidez na adolescência tem sido apontada como um "problema social", pois afeta o padrão de fecundidade, a posição social da mulher, gera novas expectativas para as jovens, principalmente na escola e na vida profissional, além do fato da maioria destes nascimentos ocorrer fora de uma relação conjugal (ALMEIDA, 1987).

Deve-se sempre levar em consideração a desinformação juvenil, as dificuldades de acesso aos métodos contraceptivos, a pobreza, as situações de marginalidade social que circundam a gravidez na adolescência. Considera-se a gravidez na adolescência a partir das mudanças instauradas nas relações intergeracionais, no contexto familiar e na sexualidade. O processo de aprendizado e construção da autonomia pessoal nessa fase da vida pode implicar em certos desdobramentos imprevistos da trajetória juvenil e familiar, como a gravidez, (ALMEIDA, 1987).

É na esfera da sexualidade que os jovens ensaiam formas de autonomia em relação aos pais. O exercício da sexualidade na adolescência torna-se uma via privilegiada para a aquisição gradativa de liberdade e autonomia, mesmo sob o teto parental (ALMEIDA, 1987).